dez 08

O desastre ecológico que surpreendeu o país tendo como foco principal o Rio Doce – que se transformou num “Mar de lama”- foi assunto de debate na última 4ª feira (2 de Dezº), na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp – Câmpus de Presidente Prudente. A iniciativa teve excelente acolhida, com a participação dos Professores: Drª. Isabel Cristina Moróz Caccia Gouveia, Dr. Everaldo Santos Melazzo e Dr. José Mariano Caccia Gouveia. O evento foi prestigiado por grande número de estudantes – cerca de 250 – superlotando as dependências do Anfiteatro I. “Os impactos de Mariana/MG”, foi uma promoção do Centro Acadêmico Mariana Braga, do curso de Engenharia Ambiental da FCT/Unesp.

A Professora Doutora Isabel abriu o tema do debate, discorrendo sobre Aspectos Técnicos relacionados à atividades da mineração, através da extração e beneficiamento, rejeitos e contaminação por metais pesados , segurança de barragens, sismos induzidos e planos de emergência. O Professor Doutor José Mariano discutiu os impactos nos meios físico, biótico e antrópico, decorrentes da atividade de extração. Sobretudo, os impactos causados pelo rompimento das barragens. Tanto na escala local, quanto na bacia hidrográfica do Rio Doce e no Oceano Atlântico.

O Professor Doutor Everaldo Melazzo – Economista e Docente – do Deptº de Planejamento, Ambiente e Urbanismo do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da FCT/Unesp, analisou a questão do impacto econômico da tragédia e valorização econômica dos impactos gerados pela catástrofe, que ele assim definiu: “Passados pouco mais de 30 dias da tragédia social e ambiental produzida pela empresa Samarco no município de Mariana/MG, chamam a atenção. De um lado, o ainda grande número de pessoas pouco ou mal informadas sobre a complexidade daquele evento e, de outro, o papel que a grande mídia vem desempenhando para elaborar uma narrativa que distorce, escamoteia e deturpa. Não apenas a extensão e a gravidade dos danos mas, sobretudo, as responsabilidades, principalmente das privadas envolvidas.

As matérias jornalísticas e os discursos dos responsáveis teimam em sugerir, apontar ou mesmo afirmar que as responsabilidades seriam mais da própria natureza que de um modelo de uso predador de recursos ambientais, transformados em mercadorias de alto valor estratégico na economia contemporânea. A Samarco é uma empresa constituída no ano de 1977, controlada em partes iguais por dois acionistas: BHP Billiton Brasil Ltda. (grande empresa de mineração de origem australiana) e Vale S.A. (empresa criada por Getúlio Vargas em 1942, privatizada em 1997 no governo FHC e que a partir do final do ano de 2007 passou a se chamar apenas Vale S/A). Trata-se, sem qualquer sombra de dúvida, de duas das maiores empresas mineradoras do mundo, que inclusive atuam em várias outras áreas e segmentos econômicos, tendo suas ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo.

A escala de produção, o tamanho das unidades produtivas, o alcance dos mercados para seus produtos e a força econômica destas empresas no mercado nacional e internacional é correspondente aos impactos sociais e ambientais negativos que já vinham produzindo (inclusive nos reiterados desastres ambientais anteriores não tão propalados ou à vezes escondidos pela grande mídia) ou que foram produzidos agora pelo rompimento de duas de suas barragens de rejeitos. A concentração econômica e o poder empresarial dos agentes envolvidos coloca em xeque o modelo de sua atuação.

Assim, sem conhecer corretamente as empresas, seu peso e importância econômica e sua força frente a governos, uma imensa rede de fornecedores e compradores e suas influências inclusive sobre a mídia não é possível começar o debate sobre suas responsabilidades frente ao desastre por elas produzidos. E, por enquanto, pouco ou nada se avançou da determinação destas responsabilidades frente às vidas perdidas, à destruição de vilas inteiras, ao desaparecimento de patrimônio histórico, ao comprometimento de rios, nascentes, mangues e mar, à eliminação de atividades econômicas de agricultura e pesca dentre outras, à contaminação da água, inclusive para seu uso mais nobre que é o abastecimento humano, sem contar os impactos invisíveis que ainda serão detectados e avaliados apenas com o passar do tempo”.

Concluindo seu pronunciamento, afirma o Prof.Dr.Everaldo Santos Melazzo: Do ponto de vista econômico, qualquer tentativa séria e responsável de mensurar monetariamente o conjunto de tais impactos em suas diferentes dimensões exigirá um longo trabalho de pesquisas e investigação séria. Do ponto de vista social e ambiental, está claro que não mais serão repostas as condições anteriores. Mas é do ponto de vista político que a pergunta mais importante precisa sempre relembrada: Quem controla e com quais instrumentos se pode controlar de perto empresas que produzem tantos riscos à sociedade e que se recusam a assumir suas responsabilidades? – finalizou.

Clique para ampliar! Clique para ampliar!
“Os impactos de Mariana/MG” – foi o tema das discussões promovido na FCT/Unesp, por iniciativa do Centro Acadêmico Mariana Braga – curso de Engenharia Ambiental.

Clique para ampliar! Clique para ampliar!
Estudantes e professores debateram o tema no Anfiteatro I, levantando a causa que criou esse desastre ambiental que transformou o Rio Doce num autêntico “Mar de lama”.

Clique para ampliar! Clique para ampliar!
O debate teve a participação dos Professores Doutores: José Mariano Caccia Gouveia, Everaldo Santos Melazzo e Isabel Cristina Moróz Caccia Gouveia e reuniu cerca de 250 estudantes.

Clique para ampliar! Clique para ampliar!
O Professor Doutor Everaldo analisou “a questão do impacto econômico da tragédia e valorização econômica dos impactos gerados numa extensa área territorial de MG e ES” ,inclusive fx marítima.

Clique para ampliar! Clique para ampliar!
A área física do Anfiteatro I da Faculdade de Ciências e Tecnologia foi disputada palmo a palmo pelos participantes deste debate, na noite de 2 de Dezembro do ano de 2015.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

Os comentários estão fechados.