nov 28

Durante a realização do iV Congresso Internacional de Geografia da Saúde, promovido pela FCT/ UNESP através do Deptº de Geografia – com o apoio do CBNq, CAPES e outras Instituições – o tema de maior repercussão se relacionou à Saúde e Ambiente, com o tema: “Doenças emergentes, reemergentes e neglicenciadas”. Para falar sobre o assunto, o convidado foi o Dr. Pedro Luiz Tauil, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília/UnB, que fez um relato detalhado da evolução do Aedes Aegypti, desde 1779.

Dr.Tauil explicou inicialmente que a dengue (ou o dengue) tem o mesmo sentido. As primeiras referências são de 1779/80 na Ásia, África e América do Norte. A doença era conhecida por diferentes nomes: Polca, Patuléia, Urucubaca, Febre Eruptifo1rme e Febre Quebra-ossos. A expressão “Dengue” tem um homônimo em Espanhol: Dengue Kidenga Pepo, usado pela 1ª vez nas Antilhas (Caribe), cujas referências são de 1.827 a 1.828, aparecendo também a denominação “Dinga” ou “Dyenga”. No Brasil, a Dengue surgiu em 1.846; no Rio de Janeiro; em 1.852 e 1.916 em São Paulo. No ano de 1.923, Niterói; e Roraima entre 1981/82.

Pelas explicações do Dr. Pedro Tauil, o principal vetor da Dengue – o mosquito Aedes Aegypti – é atualmente o único elo vulnerável da cadeia epidemiológica para transmissão da doença que ainda não tem tratamento etiológico, nem vacina efetiva e segura. E por que a Dengue reemergiu? A resposta é imediata: Ainda não são conhecidos todos os fatores de sua reemergência; porém, não há dúvida de que o aumento da densidade de infestação pelo Aedes Aegypti é um dos principais motivos. No final dos anos 50 e 60, realizou-se uma campanha de erradicação do Vetor em 18 países, inclusive o Brasil. Foi para evitar a Febre Amarela, mas somente o Chile e o Canadá lograram êxito.

Participando do debate no Auditório da FCT/UNESP com outros especialistas – entre eles o Dr.Paulo Preiter (FIOCRUZ) e Drª. Jureth Couto Lemos (Escola Técnica de Saúde/UFU) – Dr. Tauil revelou que os antecedentes do Vetor vêm de longa data, tendo como origem o continente asiático no período de pós-guerra: Sistemas de águas, destruídos; equipamentos de guerra abandonados nos campos de batalha; movimentos populacionais de grande porte, com migração rural e urbana.

A razão do aumento da densidade de Aedes pode ser assim explicada: Migração rápida e intensa (rural e urbana) após a II Guerra Mundial com aumento da densidade populacional em áreas urbanas. Sistemas inadequados de habitação; suprimento de água e destino de dejetos; aumento de recipientes não bio-degradáveis e descarte inadequado de resíduos sólidos. Acrescente-se o aumento do número de freqüência de viagens marítimas e aéreas; aumento da produção de veículos automotores com destino inadequado dos pneus usados. e ainda: ausência ou inefetividade de programas de controle vetorial.

Tendências

No período compreendido entre 2000/2011 registrou-se no Brasil 4.563.864 casos prováveis de Dengue. Desse total houve 580.431 hospitalizações através do SUS; 71.677 casos graves e 2.195 mortes. Na cidade de Presidente Prudente, de acordo com os últimos informes da Vigilância Epidemiológica foram registrados em 2011, nada menos 183 casos comprovados de Dengue. Neste ano (2012) já foram constatados 216 casos; isto é, 33 acima do apurado em igual período do ano passado, figurando ainda 22 casos suspeitos que dependem dos resultados do Adolpho Lutz.

Dr.Pedro Luiz Tauil admite que a Dengue segue sua história natural pela baixa efetividade das medidas de controle, argumentando que a doença tende para o padrão epidemiológico asiático. predominando maior incidência de gravidade em menores de 15 anos com imunidade adquirida aos 4 sorotipos para adultos sobreviventes. E recomenda: controle de pontos estratégicos de proliferação do vetor: Depósitos de ferro velho, terrenos baldios, borracharias e cemitérios. Controle de produção e destino adequado de embalagens descartáveis e pneus usados. O Brasil enfrenta situação grave em termos de urbanização, com 85% da população na zona urbana/sudeste e o restante vivendo em favelas, invasões, mocambos ou cortiços.

Acrescenta o especialista do Núcleo de Medicina Tropical da UnB, que há necessidade de novos instrumentos para aprimorar o controle do Aedes Aegypti, com diagnóstico laboratorial rápido; tratamento etiológico; vacina protetora; novos inseticidas e larvicidas para superar a resistência aos atuais indicadores de infestação mais acurados. Medidas de controle vetorial mais efetivas. Porém, a luta contra o AE e Aedes Aegypti tem que continuar, pois eles também podem transmitir outras arboviroses como: o Virus da febre amarela, da encefalite eqüina do leste e do Oeste; os vírus Mayaro, La Crosse e Chikungunya, além da microfilária Dirofilária Immits.

São fatores limitantes do controle do Aedes no Brasil: 1) – Problemática de Segurança e acesso às habitações: 2) – A dificuldade de atender às demandas de Abastecimento regular de água e coleta de lixo: 3) – A dificuldade da prática de Fiscalização Sanitária com a multiplicidade de borracharias, depósitos de ferro velho, terrenos baldios e cemitérios: 4) – Mão de obra em número insuficiente e com instabilidade empregatícia, resultante da baixa cobertura domiciliar; alta rotatividade e baixa qualidade de trabalho; 5) – Resistência do vetor ao larvicidas e inseticidas disponíveis.

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Perante pesquisadores do Brasil e do Exterior, o Dr.Pedro Luiz Tauil (do Núcleo de Medicina Tropical da UnB), chamou a atenção de todos para o risco da contaminação pelo Aedes Aegypti que já causou milhares de vítimas através da Dengue e outras arboviroses.

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A Conferência seguida de debate fez parte do IV Congresso Internacional de Geografia da Saúde que o Campus da Unesp sediou este ano em Presidente Prudente, com ampla repercussão face aos temas programados pelo Deptº de Geografia da FCT/UNESP.

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Estes gráficos, que o Dr. Tauil exibiu durante o evento mostram a evolução do Aedes desde sua origem no Continente Asiático em 1.779 até os dias atuais, devido à resistência do Vetor aos inseticidas e larvicidas existentes no mercado e disponíveis para utilização.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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