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No período de 19 a 25 de Maio, o Campus da Unesp em Presidente Prudente sediou o II Seminári de Climatologia Urbana, promovido pelo Grpo de Pesquisa Interações na Superfície, Água e Atmosfera/GAIA. O evento se propôs – dentre outras coisas – a debater e refletir sobre os desafios da construção de uma metodologia para os estudos do clima urbano em cidades de pequeno e médio porte. A abertura ocorreu às 9hs da manhã do dia 19/Maio, no Anfiteatro do Discente V, sob a coordenação do Prof.Dr.João Lima Sant’anna Neto, tendo ao seu lado os Profs.:Antonio Cezar Leal e Margarete Amorim (docentes do Departº de Geografia) e o primeiro conferencista convidado, Prof.Dr.Felipe Fernandes Garcia, da Universidade Autônoma de Madrid/Espanha.

Na sequência da programação, mesas redondas, palestras e conferências, com enfoque especial sobre os Climas Urbanos das cidades brasileiras; o Sistema termodiânimico; Clima urbano; Climatologia estatística; os Sistemas hidrometeórico, Físico/químico, Clima e Questões Ambientais Urbanas. Concluída a 1ª fase no dia 21, foi realizado trabalho de campo em outras áreas do Estado, espcialmente São Carlos, Santos e Campos do Jordão, até o encerramento do evento no dia 25/Maio.

O evento que representa a continuidade do I Seminário destinado a estudantes e pesquisadores que desenvolvem projetos na temática da climatologia urbana (realizado pelo GAIA em 2007) promoveu diversas atividades, para as quais foram mobilizados os seguintes participantes: Larisa Dorigon, Renata Cardoso, Daniele Frasca, Gabriela Calderon, Ronaldo Rodrigues Araujo, Gislene Ortiz, Camilo Rampazzo, Vinicius Moura Mendonça, Vincent Dubreuil (Univ.Rennes2), Mirian Silvestre, Karime Fante, Edilson Flores, Núbia Armond, Heverton Schneider,Vicentina da Anunciação, Lindbeerg Nascimento Jr, Charlei Ap.da Silva, Vladimir Ap.dos Santos, Paulo Zangalli Jr, Valéria Lima, Iury Simas, Sérgio Pinto Jr e Vinicius Carmello.

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A Abertura oficial do II Seminário de Climatologia Urbana realizou-se no Auditório/Discente V da FCT/UNESP com a presença de muitos participantes e seus principais organizadores, na manhã de 19/Maio.

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O Prof.Dr.João Lima Sant’anna Neto destacou a Climatologia Urbana como paradigma e compromisso social, enquanto a Profª.Drª.Margarete Amorim falou sobre o clima urbano em ambiente tropical.

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Os anfitriões que conduziram os trabalhos na abertura do evento, deram suas boas-vindas ao conferencista convidado, Prof.Dr.Felipe Fernandes Garcia, que veio especialmente da Universidade Autônoma de Madrid/Espanha.

PROJETO CIDADES FEBRÍS

A INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS CONSTRUTIVOS E DA EXPANSÃO TERRITORIAL URBANA NA ESTRUTURA TÉRMICA DE CIDADES DE PORTE MÉDIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

OS MATERIAIS CONSTRUTIVOS E O CONFORTO TÉRMICO

A expansão territorial urbana caracteriza-se pelo aumento das áreas edificadas e pavimentadas que geram inércia térmica e a produção de calor. As ilhas de calor não causam apenas desconforto térmico em ambientes de clima tropical, mas são responsáveis também, pelo aumento da demanda por energia e pela formação de ambientes urbanos insalubres que afetam a saúde humana.

As coberturas (telhado) são as principais responsáveis pelo calor produzido tanto no interior quanto no entorno das edificações. Este calor é determinado pelas variáveis de albedo (reflectância) e emissividade dos materiais. O albedo representa a porção da radiação solar incidente, que é refletida pelo material, enquanto a emissividade determina o desempenho térmico caracterizado pela temperatura superficial.

Assim, superfícies com elevado albedo e emissividade tendem a permanecerem mais frias quando expostas à radiação solar, pois absorvem menos radiação e emitem mais radiação térmica para o espaço, transmitindo menos calor para seu entorno. Ao contrário, quanto menor for o albedo e a emissividade maior será a absorção de calor e sua permanência no ambiente de entorno.

Diversos tipos de materiais construtivos tem sido utilizados nas edificações em áreas urbanas. No interior paulista prevalece o uso de três tipos de materiais de cobertura: as telhas cerâmicas, as de fibrocimento e as metálicas (alumínio, aço galvanizado). As coberturas cerâmicas são mais utilizadas em residências de classe média e alta, as de fibrocimento prevalecem nos bairros e conjuntos habitacionais de população de baixa renda e as metálicas nas edificações comerciais e industriais.

Em cidades de médio porte de climas tropicais continentais a produção do clima urbano depende ainda mais da interação entre a radiação recebida e a refletida basicamente pelos tipos de materiais construtivos de edificações de uso residencial que armazenam o calor durante o dia e são liberados nas primeiras horas após o por do sol. Como as cidades tropicais são naturalmente quentes, estas ilhas de calor são responsáveis pela intensificação do desconforto térmico e, portanto, podem ser consideradas como um indicador de qualidade ambiental urbana.

A população de baixa renda, impossibilitada de adquirir materiais construtivos mais adequados e lotes urbanos de maior tamanho, é a mais prejudicada pelos efeitos adversos do calor armazenado nas edificações. Na maior parte dos dias de primavera e verão, as temperaturas diurnas do ar oscilam entre 30oC e 35oC que somadas ao calor produzido e armazenado pelas coberturas de fibrocimento, podem superar os 45oC, expondo a população, notadamente os idosos e crianças, a situações de insalubridade, que se manifestam na forma de enfermidades como doenças respiratórias e do aparelho circulatório.

Desta forma, as áreas urbanas de maior segregação socioespacial, são as mesmas em que é maior a morbidade por doenças respiratórias, que são muito dependentes das influências climáticas. São, também, as áreas em que se produz a maior intensidade das ilhas de calor, ao contrário das áreas metropolitanas, em que o dinamismo da circulação e as fontes de emissão de partículas acabam sendo majoritários.

Considerando que as cidades localizadas no interior do Estado de São Paulo se desenvolveram, não só, mas principalmente, como resultado da expansão da cultura cafeeeira entre o final do século XIX e meados do século XX, observa-se que a expansão territorial verificada nestas áreas urbanas ocorreu a partir da década de 1950.
Vários planos habitacionais implementados pelo Estado determinaram um padrão construtivo, adotado pela companhias habitacionais (COHAB, CECAP, CDHU), baseado em paredes pré-moldadas e coberturas de fibrocimento, pelos baixos preços destes materiais.

Os conjuntos habitacionais, geralmente foram localizados nas periferias dos centros urbanos e, apesar do oferecimento de infraestrutura, os materiais construtivos resultaram em problemas de conforto habitacional e riscos a saúde. Nesta perspectiva, optamos por escolher 14 centros urbanos não metropolitanos, com população residente inferior a 500.000 habitantes, segundo o censo do IBGE de 2010.

A segunda consiste na produção da carta de produção de calor, por meio da utilização do canal termal do satélite Landsat7, para verificar a distribuição da temperatura gerada pelos diferentes alvos urbanos, associando-os aos materiais construtivos (coberturas).

A análise conjunta destas duas variáveis possibilitará a compreensão de como se produz parte do calor gerado pela cidade e como este se distribui. Assim, o clima também se constitui em importante fator de qualidade de vida e indicador de justiça socioambiental.

OBJETIVOS E METAS

O objetivo central desta pesquisa é o de analisar a estrutura térmica de 14 cidades de porte médio e pequeno do Estado de São Paulo, tanto por meio dos dados de temperatura de superfície, quanto pela resposta térmica dos alvos urbanos, a partir da observação da distribuição das temperaturas obtidas pelo canal termal do satélite Landsat7 e por medidas de campo por meio da câmera digital infravermelho (solicitada neste edital).

Esta análise considerará a forma e o desenho urbano das referidas cidades com o objetivo de se verificar quais setores urbanos são os que mais produzem calor, pois, admite-se, com base em estudos já realizados em Presidente Prudente (Sant’Anna Neto; Amorim, 2008), que os conjuntos habitacionais de baixa renda, em função dos materiais construtivos menos adequados, são os que mais sofrem com o aumento das temperaturas.

Outros objetivos secundários que derivam desta pesquisa são:

  • Analisar a variabilidade das temperaturas máximas, médias e mínimas diárias, mensais, sazonais e anuais das 14 cidades (1961-2010) para identificar as tendências térmicas e as possíveis mudanças de padrão.
  • Construir as cartas termais das 14 cidades, por meio das imagens do Landsat7, em busca da distribuição espacial dos principais focos de calor (inércia térmica).
  • Identificar, na estrutura urbana das 14 cidades, as áreas de maior concentração de bairros populares, em que são utilizados os materiais construtivos inadequados (coberturas metálicas e de fibrocimento), através de imagens do Google Earth.
  • Produzir uma carta de risco do conforto térmico para as 14 cidades, considerando o limite de 5 dias consecutivos de temperaturas superiores a 30ºC, conforme instrução da WMO (2009).
  • Refletir e problematizar a questão das moradias populares e o reflexo da baixa qualidade dos materiais construtivos na qualidade socioambiental e na saúde de seus moradores.

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Na 2ª Etapa do Seminário de Climatologia Urbana, as primeiras Mesas redondas que envolve docentes da casa e convidados, bem como alunos e ex-alunos da FCT/UNESP.

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Os debates prosseguem, tendo por base temas os mais diferentes ligados diretamente à questão da Climatologia Urbana: Sistemas Hidrometeóricos, Físico/químico e outras questões ambientais.Presença do representante da UFMA.

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O tema exposto,avaliado e discutido neste Seminário de Climatologia (o 2º na história da FCT/UNESP) é da maior importância! E preocupa mais da metade do território brasileiro, conforme se pode comprovar no mapa acima.

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”Quanto maior for o desequilíbrio entre os sistemas de fixos e fluxos, maior será o impacto climático e, maior a vulnerabilidade sócio-espacial”. (João Lima Sant’anna Neto – Professor titular de Geografia da FCT/UNESP e Coordenador da Área de Geografia da CAPES).

TRABALHO DE CAMPO

Como atividade complementar ao Seminário, após os dois dias de apresentação de trabalhos e de debates, foi realizado um trabalho de campo com o objetivo de testar as metodologias e discutir os métodos aplicados, em 3 das cidades contempladas pelo projeto: São carlos, Santos e Campos do Jordão.

Estas três cidades estão localizadas em diferentes contextos climáticos, geográficos e altimétricos, oferecendo uma complexidade de análise que deverá servir de subsídio ao desenvolvimento do projeto.

Foram realizadas medidas móveis e tomada de dados de pontos fixos, incluindo a mensuração do entorno por meio de câmera termográfica, com saída de Presidente Prudente, às 8hs do dia 21/Maio, com destino inicial a São Carlos. Chegada de retorno à cidade de Presidente Prudente no dia 25 de Maio.

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Trajeto percorrido pela Equipe do Departamento de Geografia da FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente – para realização do trabalho de campo, dentro da programação relativa à realização do II Seminário de Climatologia Urbana/2014.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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