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No fechamento do mês de Janeiro/2015 e durante três dias, realizou-se no Câmpus da Unesp em Presidente Prudente, um Seminário de encerramento do Curso de Especialização em Geografia coordenado pelo Prof.Dr.Antonio Thomaz Júnior, do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho/CEGeT – Deptº de Geografia – da Faculdade de Ciências e Tecnologia. A abertura verificou-se no Auditório V no dia 29, encerrando-se com uma mesa redonda e conferência no dia 31 de Janeiro. Tema adotado: Desenvolvimento Territorial, Trabalho, Educação do campo e saberes Agroecológicos, com a participação inicial dos debatedores: Sidney Todescato Leal e Gerson Oliveira.

Esse evento reuniu 44 educandos, assim como representantes de alguns Assentamentos do Pontal do Paranapanema (entre os quais, a Gleba XV de Novembro), interessados na solução dos problemas agrários atuais. Logo na abertura, completa abordagem sobre o Desenvolvimento Territorial, Conflito e Resistência. No período da tarde, os temas desenvolvidos se relacionaram à Juventude no campo: Perspectivas e dilemas; Desenvolvimento Territorial, Trabalho e Saúde, defendidos pelos debatedores: Eduardo Paulon Girardi, Márcio José, Fernando Heck e Ângelo Diogo, respectivamente.

No dia 30 de Janeiro, reunindo os principais interessados – incluindo debatedores e educandos – foi discutida a questão territorial e gestão da natureza, pelos docentes: José Mariano Caccia Gouveia e Luzimar B.França Jr.; a disputa territorial e a luta pela pemanência na terra, por Camila Ferracini Origuela e Leandro Nieves Ribeiro. À tarde, o tema foi outro: Educação do campo como estratégia de resistência, pelos debatedores: Rodrigo Simão Camacho e Márcia Ramos. No mesmo dia, outro tema: Questão Ambiental e saberes Agoecológicos, com Isabel Cristina Moroz e Fernanda Matheus.

No encerramento – dia 31/Janº – Trabalho e Gênero, tendo como debatedores: Maria Joseli Barreto e Ana Terra Reis; Educação do campo como uma política de desenvolvimento, com Rafael Rossi e Marisa de Fátima da Luz. Na Conferência de encerramento, presença e participação do Prof.Dr.Ricardo Pires de Paula, do Departamento de Geografia da FCT/Unesp e representando o Setor Nacional de Educação do MST, Cristina Vargas.

Expansão da monocultura da cana

No transcorrer da realização deste Seminário, alguns debatedores citaram a questão da expansão da monocultura da cana de açúcar; e as conseqüências para a agricultura camponesa, com ênfase especial para o Assentamento Gleba XV de Novembro no município de Rosana/SP. Foi uma alusão ao trabalho produzido pelo Prof.Dr.Antonio Thomaz Júnior e Glédson Mendes da Silva, através do Centro de Estudos de Geografia e do Trabalho/CEGeT.

Na atualidade, a estratégia do capital agroindustrial canavieiro visa melhorar os programas anteriores e dar prosseguimento ao processo expansionista do capital com maiores recursos através de financiamentos públicos, concentração da terra pública e exploração do trabalho. Os incentivos do governo – diz Thomaz Jr – são tão elevados que o plantio e a produção de cana de açúcar aumentaram nos últimos dez anos, em 100%.

Na década de 1970 ocorreram transformações nas matrizes energéticas, tanto na escala nacional quanto internacional, em decorrência de crise do petróleo. Os elevados preços do barril de hidrocarboneto acarretaram impactos para o Brasil, uma vez que o país não era autosuficiente para abastecer a demanda interna. O interesse pela nova fonte energética possibilitou a produção de álcool, tanto por parte do governo como dos usineiros.

E apesar do aumento do preço do petróleo, a criação do Proálcool se deu, principalmente pela pressão exercida pelas indústrias de equipamentos para usinas e destilarias, que as tornaram ociosas. O Proálcool – é importante ressaltar – reanimou a retomada da cana de açúcar em escala nacional; e beneficiou diretamente as empresas que aderiram ao Programa, a exemplo da Destilaria Alcídia, em Teodoro Sampaio/SP, que foi a pioneira, em 1981.

Com base nesse trabalho de autoria do Prof.Antonio Thomaz Júnior, um dos debatedores opinou que todas as fazendas do Pontal deixaram de produzir alimentos, para se dedicar exclusivamente à cultura da cana de açúcar destinada ao suprimento das Destilarias. Admite-se mesmo que entre 2007 e 2013 foram vendidas as piores terras a preços supervalorizados para as Usinas. Como conseqüência o plantio de cana de açúcar aumentou consideravelmente, de 5 mil para 35 mil hectares.

Na exposição dirigida aos educandos do curso de especialização em Geografia, um dos debatedores recordou com base nas pesquisas desenvolvidas pelo CEGeT, que os impactos da expansão da cana de açúcar e as conseqüências para a produção de alimentos são assuntos que tem preocupado os Assentados do Pontal do Paranapanema. O crescimento de novas áreas se dá em torno dos Assentamentos.

Falando a uma platéia constituída por assentados e educandos o debatedor concluiu seu pensamento com informações mais detalhadas sobre a degradação ambiental que vem ocorrendo no Pontal do Paranapanema. Lá, o uso de veneno (agrotóxico) mediante pulverização por aviões tem sido freqüente, o que já repercute na saúde dos trabalhadores, assentados e suas famílias. Além dos efeitos provocados pelas queimadas. No ato de operação aérea para aplicação de Agrotóxicos estão sendo impactadas diretamente todas as plantações. Os prejuízos são enormes e falta fiscalização. Inclusive do Ministério Público Estadual ou Federal.

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O Prof.Dr.Antonio Thomaz Júnior, representando o Centro de Estudos de Geografia do Trabalho, da FCT/Unesp, presidiu a abertura do Evento, juntamente com educandos e outros integrantes do CEGeT.

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Desenvolvimento territorial, Conflito e resistência; Juventude no campo: Perspectivas e Dilemas, foram os temas abordados neste Seminário de Encerramento do Curso de Especialização em Geografia.

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Assentados do Pontal do Paranapanema, membros do CEGeT e MST, assim como dezenas de educandos vieram especialmente para participar deste Seminário, realizado de 29 a 31 de Janeiro, no Auditório V da FCT/Unesp.

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A Turma Paulo Freire foi aqui representado por 44 educandos, provenientes de vários pontos do extremo-oeste paulista, especialmente das áreas de Assentamentos existentes no Pontal do Paranapanema.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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