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Durante o último final de semana – dias 16 e 17 de Agosto – realizou-se no Centro de Convivência do Assentamento Guarani, em Sandovalina/SP significativo evento dedicado às Práticas Agroecológicas no Pontal do Paranapanema (Desafios e Possibilidades). Participação de docentes da FCT/UNESP, UFMT, UNOESTE, IPE, APTA, ELAA e outras instituições. Coordenação geral do Prof.Dr.Antônio Thomaz Junior, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp – Câmpus de Presidente Prudente – SP.

Um dos temas previamente inscritos no evento foi dedicado ao Agrotóxico, merecendo considerações especiais no tocante à ação devastadora que vem sendo provocada em várias regiões do país, especialmente em Ma to Grosso, São Paulo e Paraná. Convidado a participar de uma mesa redonda, o Dr. Wanderley Pignati – do Deptº de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso – declarou que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, mas é também o maior consumidor mundial de agrotóxicos, tendo usado só em Mato Grosso em 2010, nada menos que 828 milhões de litros de produto formulado nas lavouras de soja, milho, algodão e pastagens, sendo portanto campeão nacional de agrotóxico.

O Coordenador geral, Prof.Dr.Antônio Thomaz Junior – da FCT/UNESP – abriu a mesa redonda exibindo um cartaz de pulverização aérea contendo a seguinte frase: “Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de Agrotóxico por ano. Até quando vamos engolir isso?”. Outros participantes, como o Prof.Dr.Antônio César Leal e o Prof.Dr.Raul Borges Guimarães, ambos do Departamento de Geografia da FCT/UNESP também condenaram veemente o uso abusivo de Agrotóxicos e a passividade do Governo e órgãos controladores do sistema ambiental do país em permitir a venda e a aplicação desse produto de forma tão desordenada.

Ao franquear a palavra aos participantes do encontro, a Sra. Clara Pereira da Silva, uma das primeiras integrantes do Assentamento Guarani fez uma declaração estarrecedora: as laranjeiras, mamoeiros, bananeiras e outras espécies não mais produzem frutos, pois quando muito chegam apenas à florada. Os frutos não vingam devido aos efeitos maléficos dos Agrotóxicos aplicados nas lavouras canavieiras vizinhas; e até mesmo, as hortaliças, aves e abelhas desapareceram do convívio rural. E até as águas dos pequenos mananciais correm o risco de se tornar impróprias para o consumo humano. Dona Clara, tem uma filha que é Professora na Escola Rural do Assentamento e também, um filho cadeirante que depende do seu trabalho e ainda: dois netos.

Outros Assentados, como os Srs. Jomar, Celito e Gilmar também se manifestaram em apoio ao que foi denunciado por Dona Clara Pereira da Silva e disseram que para eles “Agrotóxico e veneno são a mesma coisa”. O avanço da cana-de-açúcar na localidade, só trouxe problemas e as Usinas que deveriam ser foco de desenvolvimento só estão trazendo miséria e humilhação para o homem do campo.

“Antes, ou mais precisamente há 15 anos atrás existia muito verde e homens trabalhando. Hoje, não existe nem verde, nem trabalhador para ser cadastrado pelo IBGE como produtor rural”. Enquanto isso, as pulverizações com Agrotóxicos são feitas por avião ou trator, numa proximidade inferior a 10 metros das fontes de água potável, contaminando tudo que existe nas imediações.

O Prof. Thomaz chamou a atenção de todos – inclusive das autoridades constituídas – para o grave problema dos Agrotóxicos nos canaviais do Pontal do Paranapanema – lembrando que se a gente quiser ficar livre dos Agrotóxicos, precisamos nos unir. Nas áreas ocupadas pelos canaviais surgiram inúmeros problemas, a começar pelas árvores que foram enterradas da noite para o dia, desaparecendo de forma misteriosa. A denúncia apresentada por Dona Clara é a que mais causa apreensão, esperando-se que possamos viver mais vinte anos para resolver problemas dessa natureza. Com isso, poderemos trabalhar juntos em busca de soluções – disse.

Assuntos debatidos em mesa redonda

O Prof.Dr.Antonio Cesar Leal – da FCT/UNESP – falou a respeito do conceito das APPs; o desmatamento e Código Florestal. Cuidar bem das terras, cuidando dos problemas de erosão; melhores estradas e uma série de medidas para garantir melhores condições de saúde para a população. Atividades desenvolvidas nos Assentamentos rurais e higiene, evitando jogar o lixo no poço, para não contaminar o meio ambiente. Em especial as águas que vão gerar riquezas e outros recursos indispensáveis á sobrevivência humana.

É estudando a saúde do trabalhador que a gente pode aprender muito de Geografia e o CEREST faz o pacto de Política Pública, através do SUS. Acrescentou o Prof. César Leal: As leis estão aí e podem ser grande instrumento de luz, enquanto o Código Florestal precisa ser lido, corrigido e aplicado. Estudar o CF pode ser um instrumento útil à toda a coletividade. – frisou.

O Prof. Dr.Raul Borges Guimarães – da FCT/UNESP – disse que normalmente todo produto químico utilizado para combater as pragas, acaba poluindo o alimento – que através de pesquisa foi calculado em 220 tipos diferentes – dos quais, somente 34 estavam isentos de contaminação. Lembrou ainda que é preciso estar atento também para o problema das embalagens vazias, que devem ser recolhidas imediatamente, após o uso do inseticida. Mas a cana-de-açúcar – salientou- está acabando com outras culturas.

Por outro lado, o Prof.Pignati (da UFMT), acrescentou que intoxicações agudas acontecem porque no Brasil são diluídos 1 milhão de litros de Agrotóxico na proporção de 1 bilhão à cada 100 litros de água. Em média, 5 litros de Agrotóxico por ano para cada habitante brasileiro. O Glifosato é produzido por várias empresas, sendo vendido como produto biodegradável para diluição em água, atingindo o corpo humano, incluindo crianças.

O Dr.Gabriel Ramalho (do HR e representante da Unoeste) manifestou opinião de que está se tornando cada vez mais difícil resolver os problemas de saúde. Acho que é mais fácil comprar uma Ambulância do que oferecer internação aos necessitados – ad uziu. “Não sabemos quantos casos de câncer temos, em conseqüência do uso de Agrotóxicos. É um desafio enorme e por isso, precisamos mudar a nossa realidade. Todo mundo se escandaliza com o que vê; mas não se escandaliza com o que não vê. Acho que a gente agora, pode começar a mudar. Foi com uma ação organizada – com o apoio do Ministério Público – que se tornou possível a reabertura do Instituto de Radiologia.

Desafios e possibilidades

Na programação “Práticas Ecológicas no Pontal do Paranapanema”, o enfoque principal é constituído por desafios e possibilidades, com três mesas redondas durante os dois dias de realização do evento. Na 1ª mesa redonda, participação de Gledson Mendes da Silva (MST); Jeferson Lima (IPÊ); Nobuyoshi Narita (APTA); Diógenes Rabello, Sidney Cássio T. Leal, Pâmela Araujo, Isac Newton Moreno, Delwek Matheus Jr e coordenação de Sônia Maria R.de Souza. .

Na mesa redonda 2, Coordenação do Prof.Dr.Antônio Thomaz Jr e participação do Prof.Raul Borges Guimarães e Prof.Dr.Antônio Cesar Leal (FCT/UNESP); Prof.Dr.Wanderley Pignati (UFMT) e Dr.Geraldo Ramalho (HR e Unoeste). Tema: “Trabalho, Ambiente, Saúde do Trabalhador e Saúde Pública”. Na mesa redonda 3, atuação dos docentes da FCT/UNESP: Antônio Thomaz Jr., Carlos Alberto Feliciano, Maria Joseli Barreto, e Elivelton Fonseca. Pela UNOESTE/HR: Dr.Gabriel Ramalho e Coordenação de Diógenes Rabello.
Realizou-se também um Mini-curso sobre Horta Agroecológica: Realidade e Desafios, sob a coordenação do Tecnólogo em Agroecologia da ELAA, Luiz Carlos Schmit Bueno.

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A Mesa redonda coordenada pelo Prof.Dr.Antonio Thomaz Junior, tendo a participação de dois docentes da FCT/UNESP e dois representantes da UFMT e da UNOESTE/HR de Pres.Prudente.

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O AGROTÓXICO foi o problema que mais chamou a atenção dos participantes do evento “Práticas Agroecológicas no Pontal do Paranapanema”. Conforme cartaz mostrado pelo Prof.Dr.Antonio Thomaz Jr.

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Os participantes do evento realizado no Assentamento Guaraní em Sandovalina, tiveram a oportunidade de ouvir o testemunho de importantes personalidades entre as quais, o Prof.Dr.Antonioi César Leal, da FCT/UNESP.

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O Prof.Dr.Raul Borges Guimarães, do Departamento de Geografia da FCT/UNESP também teve excelente atuação neste evento realizado em Sandovalina/SP, onde se discutiu importantes temas, com ênfase no Agrotóxico.

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A pioneira dos assentados de Sandovalina/SP, Sra. Clara Pereira da Silva deu importante e corajoso testemunho sobre os efeitos do Agrotóxico, tendo também a manifestação do Dr.Gabriel Ramalho, da UNOESTE/HR.

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Em exposição, uma amostragem do que se planta na área rural – em especial no Assentamento Guarani – arriscando porém, a enfrentar o terrível do Agrotóxico, espalhado por avião, trator ou máquina costal.

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O Prof.Dr.Wanderley Pignati, da Medicina da Univ.Federal de Mato Grosso deu importante testemunho sobre os efeitos maléficos do Agrotóxico no Brasil. MT: 20% ; SP:18% e PR:16%.O Prof.Thomaz confirma esses dados.

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Para a platéia presente à realização do evento Práticas Agroecológicas no Pontal do Paranapanema – Desafios e Possibilidades – um novo testemunho. É de outro assentado que pede providências contra o abuso do Agrotóxico.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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