jul 24

Nos últimos anos, a Agricultura Urbana tem se destacado no cenário mundial em virtude de sua potencialidade e de se constituir em atividade importante em termos de garantia da segurança alimentar. Ao mesmo tempo, incentiva a geração de empregos e renda, particularmente para as pessoas que estão em situação econômica e/ ou social precária. A definição é de uma especialista no assunto, a Profª.Drª. Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol, Docente dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Geografia, da FCT/UNESP de Presidente Prudente.

A Professora desenvolve pesquisa no âmbito do Projeto Redes Urbanas, Cidades Médias e Dinâmicas Territoriais – Estudos comparativos entre o Brasil e Cuba, aprovado no Acordo de Cooperação (Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP) e o Centro de Estudos Demográficos – CEDEM – da Univesidad de Havana, onde esteve recentemente. La, ela participou e teve a oportunidade de conhecer alguns “Organopônicos” (protegidos ou semi-protegidos), as modalidades de Agricultura Urbana incentivadas pelo Governo.

Aqui em Presidente Prudente, essa experiência foi adotada recentemente pelo empresário Wellington Luciano Galvão que realiza os primeiros testes no Jardim Paulista (Rua Garcia Paes, 330), tornando-se o pioneiro no território brasileiro. Ele declara que a produção de orgânicos é limitada à plantação de folhagens (alface, rúcula, hortelã, cheiro verde e salsinha), onde existe um ciclo rápido e não exige uma área grande para plantação; visto que as demais culturas possuem espaçamentos maiores entre plantas. Já dentro da estufa, existem o tomate e o pepino que necessitam de atenção maior para serem produzidos no orgânico. Em termos de inovação, existe a tecnologia de irrigação; e sementes cada vez melhores para a produção.

Os “Organopônicos” – citados pela Profª.Drª.Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol, são caracterizados pelo desenvolvimento de atividades agropecuárias, sobretudo pelas construções retangulares – de cerca de 30m x 1m – contendo canteiros elevados com uma mistura de solo com matéria orgânica como “Adubo”, onde são realizados os cultivos. A Docente da Unesp ressalta que um dos “Organopônicos” visitados, encontra-se situado nas proximidades da Linha Blanca, em San Miguel del Padrón, constituindo-se em local de grande fluxo de veículos e pessoas. Em outros tempos, com a indisponibilidade de combustível para o transporte dos produtos, peças para reposição de veículos (sobretudo para os tratores), adubos químicos e defensivos agrícolas – e a dificuldade de acesso aos alimentos – os cubanos se viram obrigados a desenvolver técnicas adaptadas às novas condições de produção, o que fez com que fosse estimulada a Agricultura Urbana no país.

Ocupando uma área de 1,6 hectares arrendados do Estado, há a criação de animais de pequeno porte (coelhos, carneiros, galinhas para produção de ovos, etc). Também animais de grande porte – cavalos e vacas – e o cultivo de hortaliças: alface, rúcula, almeirão, couve, cebolinha, cheiro verde, etc. E ainda: legumes, frutos e raízes (beterraba, cenoura, acelga, repolho, pimentão, tomate, abóbora e etc). A criação de animais, além de possibilitar a comercialização dos derivados (carnes, leite e ovos) contribui também com excrementos na geração de matéria orgânica utilizada nos canteiros dos cultivos agrícolas. Isto porque existem dificuldades para se obter por meio das empresas estatais, a matéria orgânica que se constitui no substrato sob o qual se cultiva as plantas nos canteiros.

O excedente dessa produção – diz a Professora Rosângela – pode ser disponibilizado para outras unidades ou mesmo ser comercializado em pequenas quantidades, com os consumidores que têm hortas domésticas. Além do responsável pela administração da área – que é formado em Engenharia Civil – trabalham mais seis pessoas – sendo: quatro homens com idades entre 25 e 45 anos; e duas mulheres, com idades entre 35 a 40 anos. No Jd.Paulista – em Presidente Prudente – a plantação de orgânicos se limita apenas e tão somente à plantação, manutenção e produção de folhagens com rodízio dos canteiros, empregando dois funcionários e três atendentes.

Do ponto de vista do sistema de produção em Cuba, tanto na criação de animais, como no cultivo, não se utilizam produtos ou insumos externos ao lote. Para a produção de hortaliças, legumes, frutos e raízes, no lugar do adubo químico é empregada adubação orgânica para ampliar a fertilidade do solo. Para controlar e combater o ataque de insetos é cultivada na parte frontal dos canteiros, condimentos e plantas medicinas e/ ou aromáticas: orégano, coentro, citronela, manjericão, cravo de defunto, etc.

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Uma visão geral do Projeto “Organopônico” de Agricultura Urbana, com 30 metros de extensão x 1 metro de largura, em Havana/Cuba.

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Estes são alguns canteiros observados no Projeto “Organopônico” adotado como inovação em Presidente Prudente (Jardim Paulista).

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A Profª.Drª. Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol é a 1ª.Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da FCT/UNESP a desenvolver pesquisas e estudos comparativos sobre Agricultura Urbana.

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Wellington Luciano Galvão é considerado pioneiro na implantação desse novo Projeto de Agricultura Urbana no Brasil.

Sistema Organopônico no Brasil

Os conhecimentos adquiridos pela Profª. Rosangela serão de grande importância para desenvolver o Sistema Organopônico no Brasil. É o próprio Wellington quem afirma:”Os canteiros elevados que implantamos em Presidente Prudente são modelos tipicamente de Cuba. E o que observamos em nossa horta é que muitas pessoas se lembram da infância, quando tinham horta em casa ou trabalhavam na zona rural. Todos gostam de saber a origem dos produtos que estão comendo crianças e adultos que nunca tinham visto um pé de tomate (exemplo) ou outra planta que passam a conhecer”. Ele disse ainda que sua empresa (Sinal Verde) acabou virando um ponto turístico, pois vem muita gente de outras cidades e Estados, a fim de conhecê-la. Alface, tomate, rúcula e cheiro verde são os produtos mais procurados.

A Profª.Drª.Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol, acrescenta em sua pesquisa que no final da década de 1980 foi lançado o Programa Nacional de Alimentos, com fomento à agricultura urbana, que se constituiu numa das ações adotadas para ampliar a segurança alimentar do país, e reduzir a necessidade de importação de gêneros alimentícios. O Programa teve como foco principal a cidade de Havana. Mas posteriormente, ele foi sendo estendido para outras localidades, e atualmente é responsável por parte significativa de abastecimento de produtos perecíveis (hortifrutigranjeiros) de Cuba.

Wellington Luciano que se tornou adepto desse novo Projeto é de opinião que a importância que notamos em nosso meio, é que esses produtos orgânicos acabaram por atingir um público grande de pessoas com problemas de câncer, gestantes e outras personalidades preocupadas com a qualidade de vida ou de recuperação da saúde. Na parte financeira, como não tem atravessadores, o produto ficou mais barato para o consumidor final, quando se faz a venda direta. E pelo que tenho conhecimento – no sistema orgânico do modo que fizemos – só existe a Horta de Presidente Prudente no país; fato que é relatado por Agrônomos que fazem consultoria.

Finalizando afirma a Professora Rosângela: “A Agricultura Urbana é uma atividade realizada no interior das cidades – intra-urbano – em pequenas áreas (quintais, lotes vazios, etc), ou no seu entorno – área periurbana – destinada ao cultivo de lavouras e criação de animais para o consumo próprio. O excedente, pode em pequena escala ser comercializado nos mercados locais. Pode se constituir numa alternativa importante em situações de crise econômica e alimentar. Essa foi a situação enfrentada por Cuba, em função do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos ao país e à desestruturação dos países do bloco socialista; do qual dependiam economicamente. Foi a pior crise econômica, desde a Revolução de 1959. Entre 1989 e 1993, o Produto Interno Bruto do país, sofreu uma redução de 35%”.

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No território cubano, tudo que é produzido em função do Projeto de Agricultura Urbana é comercializado em Pontos de Vendas, como este.

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Em Presidente Prudente – mais propriamente no Jd.Paulista – também a comercialização se faz de forma direta no próprio local de produção.

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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