dez 18

Com questões regionais, realizou-se nos dias 4 a 6 de Dezembro na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp – Câmpus de Presidente Prudente – o II Seminário Dinâmica Econômica e Desenvolvimento Regional. Tema central: “QUESTÕES REGIONAIS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA GEOGRAFIA ECONÔMICA”. Organização dos Grupos NUPERG (Núcleo de Pesquisas e Estudos Regionais)/UNESP-SP e GEDE (Grupo de Estudos da Dinâmica Econômica)/UNICENTRO-PR. O evento foi o 2º realizado no Brasil, pois a 1ª edição verificou-se em 2012 e foi organizado e realizado por iniciativa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro/UFTM.

A abertura realizada no Auditório/Discente V em Presidente Prudente/SP, foi presidida pelo Prof.Dr.José Carlos Silva Camargo Filho (Vice-Diretor da FCT/Unesp), tendo a Profª.Drª.Maria Terezinha Serafim Gomes, como Coordenadora Geral. O evento cumpriu seu objetivo de proporcionar um espaço de discussões sobre temas ligados à Geografia Econômica e áreas afins, que possibilitem contribuir para o conhecimento das dinâmicas econômicas e do desenvolvimento regional. Buscando a compreensão das transformações nos espaços econômicos regionais, estabelecer e aprofundar as relações acadêmicas entre grupos de pesquisas.

A promoção proporcionou a vinda de palestrantes vindos de diversas Universidades e regiões do Brasil, objetivando uma integração de estudiosos dos temas abordados. Nesse sentido, foram convidados pesquisadores de várias universidades brasileiras com ampla experiência no tema central do evento para as conferências e mesas redondas, além da participação nos grupos de trabalhos.

No primeiro dia do evento (4/Dezº), a conferência de abertura foi proferida pela Profa. Sandra Lencioni, da Universidade de São Paulo com o tema “Questões Regionais: perspectivas e desafios contemporâneos”. A conferencista destacou a importância de pensar um projeto nacional para o Brasil; tratou do desenvolvimento geográfico desigual e diferentes formas de acumulação do capital. O destaque importante de sua conferência foi discutir o capital e suas diversas espacializações, a hegemonia do capital financeiro no contextual, deslocamento e descolamento do capital produtivo em relação ao capital financeiro. Diante destas considerações lança-se o grande de desafio para compreensão do desenvolvimento geográfico desigual e as questões regionais?

As primeiras mesas redondas

No dia 05/12, a programação foi cumprida através de mesas redondas. A 1ª delas, versando sobre “Dinâmica Econômica e desenvolvimento regional: múltiplas análises e escalas” com os professores Olga Firkowski (UFPR),María Mônica Arroyo (USP), Denise Elias (UECE), foi coordenada pela Profa. Sandra Videira (UNICENTRO). A mesa abordou os seguintes temas: a economia do conhecimento; a seletividade espacial, a valorização e desvalorização dos lugares e; as transformações neoliberais na reestruturação urbana-regional, destacando as regiões produtivas do agronegócio; os desafios de desatar os nós que sustenta o agronegócio, entre eles: nós da relação orgânica entre o estado e agronegócio o poder da bancada ruralista, os nós da criminalização dos movimentos sociais, nós da naturalização das desigualdades sociaoespaciais, sendo este último apresentado pela Profa. Denise Elias.

A mesa 2 abordou o tema: Desindustrialização do Brasil ou nova reestruturação/configuração dos espaços produtivos? Com os professores Silvia Selingardi Sampaio (UNESP-RC), Edilson Alves Pereira Junior (UECE), Lisandra Pereira Lamoso (UFGD), foi coordenada pelo Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito (UNESP). A mesa destacou as diferentes análises sobre a desindustrialização no Brasil, conforme mostrou o Edilson; Lisandra mostrou a perda de participação da indústria no PIB;Redução do emprego industrial;Desindustrialização absoluta; Desadensamento de cadeias produtivas;Redução na participação das exportações de manufaturados; Silvia destacou a reprimarização da pauta exportadora e reconfiguração dos espaços produtivos. “A reprimarização da pauta exportadora do país é um fato de fácil constatação, mas não está necessariamente vinculada à ocorrência de desindustrialização”

“O processo de reconfiguração dos espaços produtivos no Brasil é um movimento da indústria no território que se desenrola desde a década de 1970, continua ativo e não parece estar atrelado à suposta recente desindustrialização. Já a desindustrialização resta controversa, principalmente por causa das dificuldades teóricas de conceituação e de escolha dos indicadores mais adequados.

De qualquer modo, ainda que não seja “tecnicamente” uma desindustrialização precoce, não pairam dúvidas de que o setor industrial nacional vem sofrendo, há décadas, pesadas perdas, sofre estagnação ou regressão em muitos setores, e precisaria de atenção especial. A última diretriz industrial surgida foi o Plano Brasil Maior, em 2011, que buscava “Inovar para competir, competir para crescer”, e fixou limites para a utilização de componentes importados na indústria em geral e, em especial, nos setores de tecnologias, bens e serviços para energias. A recessão industrial dos últimos três anos, com certeza, não contribuiu para seu bom desempenho”.

E mais uma referência:“Estamos no olho de um furacão, que nos tolda a visão e talvez a plena racionalidade, e pode impedir uma adequada leitura desse momento tão angustiante da vida nacional, em meio ao que muitos qualificam de maior crise da história, que engessa o cotidiano do país e emperra a economia. A grande questão que fica é: qual a extensão exata dos danos e das mudanças ocorridas?

Ao mesmo tempo, é preciso refletir, buscar entender porque um país tão bem dotado pela natureza não consegue chegar ao pleno desenvolvimento, nem consegue erradicar a pobreza e as desigualdades que afligem seus habitantes, através do tempo. Entender para tentar mudar, e não para se acomodar e aceitar a eterna condição de país “emergente”, “em desenvolvimento”.

Não podemos nos entregar ao desalento, contudo. Geralmente, é em momentos de crise, em meio a “sangue, suor e lágrimas” que as sociedades são instigadas a forjar respostas e reações, em busca da solução de seus problemas” (Silvia Selingardi Sampaio).

Integração e desenvolvimento regional

No dia 6/Dezº foi desenvolvida na FCT/Unesp, a mesa redonda nª 3, sob o tema: “América Latina: integração e desenvolvimento regional”, com Leandro Bruno Santos (UFF), Antonio Marcos Roseira (UFABC), Claudete Vitte (Unicamp), foi coordenada pelo Prof. Clerisnaldo Rodrigues de Carvalho (UNESP-Ourinhos). A profa. Claudete Vitte destaca dá ênfase a integração regional, destacando o Financiamento e Projetos Prioritários do Cosiplan/Unasul e sua articulação com projetos nacionais sul-americanos: dilemas da integração regional.
A profa. Claudete destaca que:

-Os investimentos beneficiam majoritariamente as grandes empresas, os capitais transnacionais e empresas brasileiras.
-Investimentos em infraestrutura refletem o aprofundamento do modelo primário exportador de produtos minerais, commodities agrícolas,
recursos energéticos (“super ciclo” mundial das commodities).
-A IIRSA/Cosiplan fomentou processos de liberalização e de privatização de bens comuns e isso incidiu sobre conflitos socioambientais
em comunidades assentadas nas zonas de influência dos projetos.
-Países América do Sul aumentaram exportações de matérias-primas, mas vêm se “desindustrializando”.
-Mantém-se dependência de financiamento externo.
-Comprometem os recursos naturais dos países (sem uso estratégico).
-A agenda de projetos tem gerado muitos conflitos sociais muitas vezes respondidos com medidas repressivas”. (Claudete Vitte).

Geopolítica econômica

O Prof. Antonio Marcos Roseira destaca a geopolítica econômica regional, o comércio exterior do Brasil com países da América do Sul – mostrando a retração regional do Brasil após o golpe de 2016 – retratação do multilateralismo, o ataque as instituições que subsidiam os investimentos externos diretos do Brasil no exterior, como BNDES e o fim das políticas das campeãs nacionais, ou seja de grandes empresas multinacionais brasileiras que atuavam em vários países; O prof. Leandro Bruno Santos, destaca os fluxos de investimentos externos e integração regional entre o subimperalismo e o território em disputa.

Mesa redonda nº 4

Políticas Públicas, Estado e Desenvolvimento Regional, com atuação destacada dos seguintes palestrantes: Claudio Egler (UFRJ), Márcio Cataia (UNICAMP), Márcio Catelan (UNESP), coordenado Pierre Alves Costa. O prof. Cláudio Egler abordou a geoeconomia e as metrópole, destacando a explosão metropolitana nos últimos anos. Destaca que para compreender a metrópole de ponto de vista da geoeconomia é necessário definir as três relações espaciais fundamentais responsáveis pela organização do território e formação das metrópoles: 1) as relações cidade e campo; 2) as relações centro e periferia; 3) as relação capital e província. Egler faz um alerta: “É imperioso rever o Estatuto da Metrópole de modo a diferenciar o que efetivamente é uma área metropolitana, que demanda uma efetiva cooperação interfederativa na atenção às funções públicas de interesse comum de uma região metropolitana criada para atender a interesses locais e regionais”. (Claudio Egler)

Marcio Cataia tratou do federalismo e políticas públicas, destacando que a formulação e a implementação de estratégias de desenvolvimento requer articulação de três níveis de governo e os poderes laterais que atravessam o Estado. Tratou das transferências constitucionais e Transferências Discricionárias, destacando as mudanças após 2016.

Cata destaca que no período de 2003-2015/2016 nas políticas públicas sob viés neodesenvolvimentista havia uma “articulação em torno de eixos programáticos entre a União que regulava, e os municípios que executavam”; Nexos União / municípios: institucionalidade com a AGU; Conjunto de Programas, além dos repasses aos municípios. Já no período após o golpe, de 2016/2017…, destaca-se pela desarticulação: visão local, fora de um projeto federativo, pelo Retorno ao ”comércio” do Congresso Nacional, pelas Negociações caso a caso;pelo Novo enlace federativo vertical. (Marcio Cataia)

O professor Catelan abordou uma síntese da história do planejamento regional no Brasil por meio da análise dos planos estatais. O objetivo principal foi pensar como o Estado vem atuando no que se refere à relação entre a elaboração e aplicação das políticas públicas e a crescente penetração do capital nestas políticas.

Conferência de encerramento

O II Seminário: Dinâmica Econômica e Desenvolvimento Regional trouxe como convidado para a conferência de encerramento, O Prof.Dr.Armen Mamigonian, da USP/UFSC. A Coordenação foi feita pela Profª.Drª.Maria Encarnação Beltrão Sposito. Na conferência – aguardada com expectativa geral – o Professor Armen chamou a atenção para o desmonte das empresas nacionais do setor de energia e construção.

Além das conferências e mesas redondas o evento contou com grupos de trabalhos: 1) – Dinâmica urbana, múltiplas escalas e desenvolvimento regional. 2) – Dinâmica econômica e espaço agrário. 3) – Indústria, novas estruturas produtivas e desenvolvimento regional. 4) – Redes, Territórios e Desigualdades Regionais. 5) – Políticas públicas, integração e desenvolvimento regional: múltiplas escalas.

O evento realizado em 2017 durante três dias no Câmpus da FCT/Unesp em Presidente Prudente, proporcionou a vinda de palestrantes oriundos de diversas Universidades. Entre elas: USP, UFABC, UNICAMP, UNESP-RC, UNESP-PP, UFF, UFRJ, UFPR, UFGD e UECE, objetivando uma integração de estudiosos dos temas abordados.

O evento contou com participantes USP,UFABC, UNICAMP, UNESP-RC, UNESP-PP, UNESP – Ourinhos, UFF, UFRJ, UFPR,UFGD, UECE, UFG, PUC-GO, UFTM, UNICENTRO, UEL, UEM, UFMS, IFSP, UNB, UNOESTE, IEA-APTA, UNESP- Marília, IFSULMINAS, UFT, UFRN, entre outras.

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Entre os dias 4 e 6 de Dezº/2017, a FCT/Unesp – sediou um evento da mais alta importância, aberto solenemente pelo Vice-Diretor, Prof.Dr.José Carlos Silva Camargo Filho, que presidiu os trabalhos.

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O II Seminário: Dinâmica Econômica e Desenvolvimento Regional debateu temas os mais atualizados sobre Questões Regionais – Perspectivas e desafios contemporâneos da Geografia Econômica.

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A Coordenação Geral desse evento significativo foi confiada à Profª. Drª. Maria Terezinha Serafim Gomes, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp – Presidente Prudente.

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Temas atribuídos à região de Presidente Prudente também tiveram enfoque especial através da Profª.Drª. Maria Encarnação Beltrão Spósito, do Departamento de Geografia da FCT/Unesp.

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Políticas públicas voltadas ao espaço rural ; Programa de Aquisição de alimentos e desenvolvimento sustentável, microbacias e assentamentos. Temas defendidos pela Profª Drª.Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol.

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O Prof.Dr.Armen Mamigonian (ex-Docente da Unesp), veio representar, como convidado a USP/UFSC e teceu considerações sobre o momento atual, especialmente nos setores político e econômico.

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Nos momentos finais do evento vieram as flores – muitas flores para presentear os que atuaram neste evento de expressão nacional – especialmente alunos e professores – que tiveram excelente participação no evento.

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O palco do Auditório/Discente V da FCT/Unesp recebeu grande contingente de alunos, colaborando para o êxito deste II Seminário: Dinâmica Econômica e Desenvolvimento Regional. De parabéns a Profª.Drª.Maria Terezinha Serafim Gomes!

Escrito por Assessoria de Comunicação e Imprensa - FCT UNESP

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